sexta-feira, 6 de junho de 2014

Poema de PAULO CALDAS

 
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MERGULHOS NA NOITE


Tenho nas costas a lua,
Rabisco, rascunho, papel,
Sou um arco-íris noturno
Singrando escuros, vidraças, paste
l.

Reflito-a dependurada
Na aba do meu chapéu,
Menina, mulher, aquarela,
Entretela, entre azuis, lumaréu.


Imprimo pousos entrelinhas,
Bordo luzes a cinzel,
Urdo ouro, nanquim, serenata.
Luar de sede, de pedra, de prata.


Sou uma lua de lata,
Troféu trazido em tecido,
Nas dobras de um vestido,
Aconchego de pano puído...
Usada blusa sem cor
Despojo de roupa rota
Onde desfio debruns
E moradas de sóis.


Mergulho noites e aldeias,
Perscruto cavernas, candeias,
Medito em remansos de estrelas,
Embosco a lua e trago-a inteira,
Levitando em minhas mãos,
Luminosa bolha de sabão,
Impressa, tecida num véu,
A cinzel de serenata,
A luzes de ouro e prata...


Nanquim na vidraça do céu,
Sou a lua, rabisco, papel
.

PAULO CALDAS (Maceió/AL) é artista plástico e poeta.

Um comentário:

Lys disse...

Esse menino é um artista de mão cheia.Pinta coisas lindas e também belas poesias.Artista nato.Parabéns meu companheiro de arte.